Resenha número 56. - O Diário do Leitor

05/03/2012

Resenha número 56.


Poemas
Autor: Fernando Pessoa
Editora: Nova Fronteira 
Nota:
 
Sinopse: O livro contém cerca de  31 poemas de Fernando, mais seus heterônimos: 17 poemas de Alberto Caeiro, 17 odes de Ricardo Reis, 23 poemas de Álvares de Campos e 12 poemas de "Mensagem". Selecionados e organizados por Cleonice Berardinelli.

Fiz a minha carteirinha da biblioteca do colégio e o primeiro livro que peguei foi Poemas, de Fernando Pessoa. Maravilhosa reunião de poemas que mostram a inquietude de Pessoa, sempre angustiado com a vida, e falando belamente sobre a morte.
Ao lê-los, senti que Pessoa lia minha própria alma, e que lia minha mente, me roubando os sentimentos. 
É um livro que se tem gosto em guardá-lo numa estante para olhá-lo e não resistir em lê-lo toda vez que passar por ele. Pena que o peguei na biblioteca e tenho que devolver!


(Trecho do poema de Álvaro de Campos, página 97)


Se te Queres

    Se te queres matar, por que não te queres matar? 
    Ah, aproveita! que eu, que tanto amo a morte e a vida, 
    Se ousasse matar-me, também me mataria... 
    Ah, se ousares, ousa! 
    De que te serve o quadro sucessivo das imagens externas 
    A que chamamos o mundo? 
    A cinematografia das horas representadas 
    Por atores de convenções e poses determinadas, 
    O circo policromo do nosso dinamismo sem fím? 
    De que te serve o teu mundo interior que desconheces? 
    Talvez, matando-te, o conheças finalmente... 
    Talvez, acabando, comeces... 
    E, de qualquer forma, se te cansa seres, 
    Ah, cansa-te nobremente, 
    E não cantes, como eu, a vida por bebedeira, 
    Não saúdes como eu a morte em literatura!


Sobre o autor: Fernando António Nogueira Pessoa, mais conhecido como Fernando Pessoa, foi um poeta e escritor português.
É considerado um dos maiores poetas da Língua Portuguesa, e da Literatura Universal, muitas vezes comparado com Luís de Camões. O crítico literário Harold Bloom considerou a sua obra um "legado da língua portuguesa ao mundo".
Por ter crescido na África do Sul, para onde foi aos sete anos em virtude do casamento de sua mãe, Pessoa aprendeu a ler e escrever na língua inglesa. Das quatro obras que publicou em vida, três são na língua inglesa. Fernando Pessoa dedicou-se também a traduções desse idioma.
Durante uma vida discreta, trabalhou em Jornalismo, em Publicidade, no Comércio, ao mesmo tempo que compunha a sua obra literária. Como poeta, desdobrou-se em diversas personagens conhecidas como heterônimos, objeto da maior parte dos estudos sobre sua vida e sua obra. Centro irradiador da heteronímia, autodenominou-se um "drama em gente".
Fernando Pessoa morreu de cirrose hepática aos 47 anos, na cidade onde nasceu. Sua última frase foi escrita em Inglês: "I know not what tomorrow will bring… " ("Não sei o que o amanhã trará").

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