Autor:
José Alaercio Zamuner
Editora:
Plêiade
Nota:
Sinopse:
A obra Cantare
Estórias, lançada pelas Edições Inteligentes em dezembro de 2008, um
projeto com apoio cultural da Secretaria de Cultura de Guarulhos, por meio do
Fundo Municipal de Cultura, FUNCULTURA, apresenta, em sua base, a tradição de
contar estórias, seja ela os clássicos ou os “causos” sertanejos. Isso se deve
ao fato de o autor ser mestre em Teoria Literária e Literatura Comparada - USP e, principalmente, filho de sertanejo.
As estórias aparecem enredadas em
uma linguagem surpreendente: ora com expressões sertanejas, ora expressões do
padrão culto, mas, incondicionalmente, numa linguagem melódica, lúdica, fazendo
da língua uma ferramenta viva, poética, lembrando as comunidades iletradas,
cuja expressão tinha de ser muito rítmica. Isso se sustenta na medida em que,
ao longo da obra, o leitor lê (mas, para o autor, o verbo aqui seria “ouve”) na
trama dos contos provérbios, quadrinhas, parlendas, modinhas, rimas rápidas,
cantigas de roda, aboios.
Portanto, estes contos (estórias ou “causos”) apresentam dois lados bem definidos: motivo e linguagem, responsáveis por unirem culturas, tradições, gêneros literários, proporcionando uma inter-relação moderna nas relações disciplinares, já que Cantare Estórias resgata a tradição de apreender culturas por meio do contar estórias. Os exemplos estão em contos como a lenda da Mani-Oca; a lenda do índio Tambatajá, que narra o encontro do amor perfeito, esférico, lembrando a antiguidade grega; a metamorfose, “em pássaro”, de um menino castigado pelo pai; a lenda dos lagos, que traz no enredo o surgimento do lago através de um espelho Inca (Lenda Inca), depois, o lago se tornando espelho para o aprisionamento de Narciso (Lenda Grega), sem deixar de alertar para o radical da palavra Narciso: Narc, o mesmo de Narc-ótico. Outro ponto alto e lúdico está no conto “Nos Tempos em que Sol Morava na Terra” (recuperado de uma tradição oral africana), neste conto há, claramente, um trabalho lingüístico cuidadoso, uma marcação de espaços: terreno e espaço sideral, numa concepção tribal, primitiva de explicar as coisas e força do universo.
Vale conferir esta proposta narrativa, pois em Cantare Estórias nada está solto, porque o motivo maior vem da necessidade última de contar estórias, como nas Mil e uma Noites, chegando ao máximo de, no exemplo de “Cantare Encantado de Estórias”, o mundo “ficcional” de Cantare ser ameaçado pela aglutinação dos pólos, por falta de verso, conto, canto, oração e crença. O equilíbrio só se restabelece quando poetas, cantores, rezadores, num grande mutirão, limpam aquele mundo do vazio cultural, ao acreditar que só o canto salva, e que cada canto (lugar) tem seu próprio canto (fala, voz, melodia, crença…), como no provérbio que se ouve dos narradores deste conto:
cada terra tem seu uso, cada roca tem seu fuso
Desta forma, Cantare Estórias conjuga culturas, ensinamentos através da arte de narrar estórias, seja ela oral ou escrita, mas uma arte que muitas vezes caminha à margem dos modismos da nossa literatura.
Portanto, estes contos (estórias ou “causos”) apresentam dois lados bem definidos: motivo e linguagem, responsáveis por unirem culturas, tradições, gêneros literários, proporcionando uma inter-relação moderna nas relações disciplinares, já que Cantare Estórias resgata a tradição de apreender culturas por meio do contar estórias. Os exemplos estão em contos como a lenda da Mani-Oca; a lenda do índio Tambatajá, que narra o encontro do amor perfeito, esférico, lembrando a antiguidade grega; a metamorfose, “em pássaro”, de um menino castigado pelo pai; a lenda dos lagos, que traz no enredo o surgimento do lago através de um espelho Inca (Lenda Inca), depois, o lago se tornando espelho para o aprisionamento de Narciso (Lenda Grega), sem deixar de alertar para o radical da palavra Narciso: Narc, o mesmo de Narc-ótico. Outro ponto alto e lúdico está no conto “Nos Tempos em que Sol Morava na Terra” (recuperado de uma tradição oral africana), neste conto há, claramente, um trabalho lingüístico cuidadoso, uma marcação de espaços: terreno e espaço sideral, numa concepção tribal, primitiva de explicar as coisas e força do universo.
Vale conferir esta proposta narrativa, pois em Cantare Estórias nada está solto, porque o motivo maior vem da necessidade última de contar estórias, como nas Mil e uma Noites, chegando ao máximo de, no exemplo de “Cantare Encantado de Estórias”, o mundo “ficcional” de Cantare ser ameaçado pela aglutinação dos pólos, por falta de verso, conto, canto, oração e crença. O equilíbrio só se restabelece quando poetas, cantores, rezadores, num grande mutirão, limpam aquele mundo do vazio cultural, ao acreditar que só o canto salva, e que cada canto (lugar) tem seu próprio canto (fala, voz, melodia, crença…), como no provérbio que se ouve dos narradores deste conto:
cada terra tem seu uso, cada roca tem seu fuso
Desta forma, Cantare Estórias conjuga culturas, ensinamentos através da arte de narrar estórias, seja ela oral ou escrita, mas uma arte que muitas vezes caminha à margem dos modismos da nossa literatura.
Sobre o autor: Foi no frenesi dos anos 1950 que José Alaercio Zamuner
nasceu. Natural de Monte Sião, MG, cresceu nas vizinhanças do Morro Pelado,
berço de Cantare, um meio repleto de serras e cafezais com sombras para os
devaneios, carros de boi cantantes, assobios de sacis, contadores de causos,
pássaros e bichos naturais e sobrenaturais cantando lendas lamentos das gentes
nos contos carochas. Desde cedo aprendeu a ouvir o mundo ao seu redor como uma
grande fábula, tarefa que mais tarde ficaria impressa em sua formação e
composição.
Mestre em Letras: Teoria Literária e Literatura Comparada – USP, título obtido com a dissertação “Os Narradores de Causos em O Burrinho Pedrês – Sagarana, de João Guimarães Rosa”. Professor universitário e contador de estórias. Desenvolve programa de contação de estórias desde 1996 (para o público estudantil e cursos para capacitação de professores), cujo objetivo é dar voz à literatura pelo ato de contar estórias, sem estabelecer fronteiras entre as manifestações: cultas e populares.
Percebe-se, com este breve histórico, que o autor de Cantare Estórias parelha sua vivência do campo com a da cidade, numa junta precisa de mesclar literatura oral com a literatura culta. Dessa minestra brota a poética do fantástico na expressão do narrador José Alaercio Zamuner.
Mestre em Letras: Teoria Literária e Literatura Comparada – USP, título obtido com a dissertação “Os Narradores de Causos em O Burrinho Pedrês – Sagarana, de João Guimarães Rosa”. Professor universitário e contador de estórias. Desenvolve programa de contação de estórias desde 1996 (para o público estudantil e cursos para capacitação de professores), cujo objetivo é dar voz à literatura pelo ato de contar estórias, sem estabelecer fronteiras entre as manifestações: cultas e populares.
Percebe-se, com este breve histórico, que o autor de Cantare Estórias parelha sua vivência do campo com a da cidade, numa junta precisa de mesclar literatura oral com a literatura culta. Dessa minestra brota a poética do fantástico na expressão do narrador José Alaercio Zamuner.
Oii!
ResponderExcluirNunca tinha ouvido falar desse livro, mas parece ser bem interessante!
Beijos!
Parece ser mto bom...
ResponderExcluirgostei da dica,
beijos
Boa dica o/
ResponderExcluirObrigada!
Gostei da dica, parece ser bom.
ResponderExcluirUm grande beijo!
As resenhas são ótimas, e anotei as dicas.
ResponderExcluirAqui é lindo também,
beijos!
Oi! Adorei a ideia do blog, com vários resenhistas! Parabéns!
ResponderExcluirOlá, Pamela, como vai?
ResponderExcluirParabéns por ser uma incentivadora da literatura e da leitura.
Sou o autor da obra Cantare Estórias.
Obrigado por divulgá-la.
Visito várias escolas para falar sobre essa obra.
Mando meu blog para uma visita:
http://alaerciozamuner.wordpress.com/
Abraços.