A Lista Negra teve seus
direitos adquiridos pela Gutenberg em 2012, mas foi escrito em 2009, quando o
Massacre de Columbine completava 10 anos. Claro que neste meio tempo outros
mais aconteceram no mundo, mas podemos tomá-lo como base, pois muitas
características aqui descritas são coincidentemente parecidas com a do evento.
Por
incrível que pareça, sempre tive certo receio de me enfiar de cabeça nessa
leitura, então protelei ao máximo, solicitando apenas este ano à editora. Claro
que, ainda assim, acabei adiando em alguns meses sua leitura, mas precisava
saber o porquê ele estava em sua 5ª edição, e 5ª reimpressão e repleto de
opiniões críticas e positivas.
Com
uma narrativa alternada entre passado e presente, acompanhamos a vida de
Valerie e de Nick, seu namorado. Ambos sofriam bullying no colégio em que
estudavam e, após mais um desses casos de abuso, Nick finalmente coloca seu
plano em ação, abrindo fogo contra colegas e se matando em seguida. O único
problema é que ele deixou para trás um caderno em que ele e Valerie mantinham
os nomes dos causadores do bullying anotados, fato este que coloca a moça como possível
causadora de todo aquele incidente.
Depois
de algum tempo, ela tem que voltar à rotina, frequentando a escola e encarando
de frente seus novos medos, principalmente o de represália por parte dos
demais. Ela sente culpa por tudo aquilo ter acontecido, além de uma imensa
vergonha em olhar nos olhos das pessoas ao seu redor. Mas aos poucos, com a
ajuda da terapia e de uma nova amizade, Jessica, ela consegue se reerguer,
enfrentando a depressão, a raiva.
Uma
das coisas que eu mais reclamei para mim mesma durante a leitura foi o espaço
de tempo entre alguns acontecimentos, em que a gente fica perdidinho da Silva e
não consegue se encontrar com facilidade. Além disso, não houve uma total
conexão e compadecimento com a personagem principal. Achei ela realmente muito
mimada e introspectiva. Ok que ela havia passado por um grande trauma, mas ela
tomou todas as dores para si, o que não é o correto. Pensei que com a ajuda
crucial do terapeuta, essas atitudes mudariam, mas não consegui enxergar nada
de novo.
Embora
tudo isso tenha acontecido e me deixado não tão empolgada assim com a leitura,
gostei muito que temas como bullying, saúde mental, armamento apareçam durante
o enredo. Jennifer Brown soube utilizar todos os elementos a favor de uma
narrativa que não aponta culpados, e sim nos transporta à uma reflexão de como
é importante ter uma boa base familiar, uma base de amigos, e como são trágicas
as consequências da prática do bullying, tanto para quem causa quanto para quem
é acometido. Jennifer fez questão de mexer com os sentimentos dos leitores.
A
edição é simples, mas ainda assim muitíssimo bonita. A capa mostra elementos do
mundo adolescente, bem como uma lista com frases ditas por Valerie, no lugar dos
nomes dos causadores do bullying. Além disso, não encontrei erros de revisão, o
que dá uma confiabilidade à leitura. Ainda assim acho que todos deveriam dar
uma chance e entender melhor o que se passa por trás da cabeça de uma pessoa
com a saúde mental fragilizada. Quem sabe assim não haveriam menos dedos
apontados para a cara das pessoas, não é mesmo?
A Lista Negra
Autora: Jennifer
Brown
Editora: Gutenberg
Número de páginas: 272
Onde comprá-lo: Amazon
Sinopse: E se você desejasse a morte de uma pessoa e isso acontecesse? E se o assassino fosse alguém que você ama? O namorado de Valerie Leftman, Nick Levil, abriu fogo contra vários alunos na cantina da escola em que estudavam. Atingida ao tentar detê-lo, Valerie também acaba salvando a vida de uma colega que a maltratava, mas é responsabilizada pela tragédia por causa da lista que ajudou a criar. A lista com o nome dos estudantes que praticavam bullying contra os dois. A lista que ele usou para escolher seus alvos. Agora, ainda se recuperando do ferimento e do trauma, Val é forçada a enfrentar uma dura realidade ao voltar para a escola para terminar o Ensino Médio. Assombrada pela lembrança do namorado, que ainda ama, passando por problemas de relacionamento com a família, com os ex-amigos e a garota a quem salvou, Val deve enfrentar seus fantasmas e encontrar seu papel nessa história em que todos são, ao mesmo tempo, responsáveis e vítimas. A Lista Negra, de Jennifer Brown, é um romance instigante, que toca o leitor; leitura obrigatória, profunda e comovente. Um livro sobre bullying praticado dentro das escolas que provoca reflexões sobre as atitudes, responsabilidades e, principalmente, sobre o comportamento humano. Enfim, uma bela história sobre autoconhecimento e o perdão.
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