[Entrevista com o autor] Dielson Vilela - O Diário do Leitor

02/10/2017

[Entrevista com o autor] Dielson Vilela



Durante o mês de Julho li e resenhei aqui no blog o livro Meu melhor amigo é gay, escrito pelo autor Dielson Vilela e publicado pela Editora Coerência. Não pensei duas vezes em realizar uma entrevista com ele, que gentilmente a aceitou, deixando-nos extremamente felizes. A literatura nacional tem pedras preciosas e Dielson é uma delas. Vamos parar com o preconceito contra nossa própria literatura, contra nossos próprios autores e vamos dar mais valor para nosso país.

Sem mais delongas, vamos à entrevista!



O Diário do Leitor: Antes de tudo, nos conte quem é Dielson Vilela.
Dielson Vilela: Dielson Vilela é uma pessoa que luta muito pelos seus sonhos e corre atrás deles todos os dias. Ama ler, escrever, filmes e boas músicas. Pessoa calma e muito observadora, que sonha com um mundo melhor para as pessoas, um mundo sem preconceito, que pode ser alcançado através da leitura de bons livros.

ODDL: Como autor, é lógico que gosta de ler. Qual seu gênero preferido?
DV: O meu gênero preferido é fantasia. Adoro conhecer novos mundos e todas as criaturas fantásticas. Amo livros que têm dragões. Para mim eles são criaturas incríveis e intrigantes. Porém, leio de tudo, não tenho preconceito de gêneros.

ODDL: Quando nasceu a vontade de escrever? Logo no início já pensava em seguir a carreira ou isso aconteceu depois?
DV: Acho que a vontade de escrever sempre esteve presente na vida, desde pequeno. Eu costumava inventar histórias e contá-las para meus irmãos. Depois que comecei a faculdade, fiquei com muita vontade de escrever meu próprio livro, mas não surgia nenhuma ideia. Até que a história do livro “O meu melhor amigo é gay” me encontrou e não me deixou em paz até chegar ao ponto final. Eu sempre tive o desejo de ter meu livro em minhas mãos, e por isso não enxergava uma carreira, por nem pensar em escrever outros livros, mas a vontade de contar histórias não me abandona.

ODDL: Tem sonhos literários?
DV: Meu sonho literário é fazer com que a literatura LGBT seja mais reconhecida e tenha cada vez mais espaço nas livrarias e bibliotecas. Ainda há muito preconceito com esse tipo de literatura.

ODDL: Escrever é só inspiração?
DV: Não. É lógico que inspiração é muito importante, mas vai muito além disso. É preciso muita leitura, antes de mais nada. Só escreve bem quem lê muito. Isso é fato. É preciso ser muito disciplinado para não se perder no meio do caminho e bastante paciência para ler e reler incontáveis vezes o que você escreveu.

ODDL: Como você inicia sua obra? Você faz algum tipo de pesquisa, usa música como pano de fundo?
DV: Eu sempre coloco uma música que tem a ver com o capítulo que estou escrevendo. “O meu melhor amigo é gay” tinha muitas passagens tristes. Escutava várias músicas do gênero, ao som de piano. Faço bastantes pesquisas quando desconheço o assunto que estou escrevendo e adoro ter água por perto.

ODDL: Pelo que percebo, existe bastante baixo-astral no meio literário nacional. O que você acha disso e porque continua a lutar por esse ideal?
DV: Existe por conta da falta de reconhecimento. Temos muitos livros nacionais maravilhosos, mas falta espaço para os autores daqui, e ainda há muitos leitores torcendo o nariz para eles. Eu continuo lutando porque acredito que isso mudará um dia. Acredito que há espaço para todos, mas precisamos olhar mais para o que temos aqui em nosso país.

ODDL: Quantas vezes você reescreve um texto?
DV: Incontáveis vezes. Eu perdi as contas de quantas vezes eu tive que reler “O meu melhor amigo é gay”. E ainda continuo achando que não foi o suficiente.

ODDL: O que você sente ao ver seu texto pronto e finalizado?
DV: Orgulho. A maioria das pessoas pensa que é fácil escrever, mas isso exige muito esforço e foco.

ODDL: Qual a sensação de reconhecimento de um leitor?
DV: A melhor coisa do mundo. Amo receber os comentários dos meus leitores. Eu sempre digo que sou o autor mais sortudo do mundo, pois as pessoas, quando acabam de ler o meu livro, sentem a necessidade de entrar em contato comigo e me parabenizar por ele, ou dizer o quanto os ajudou. Quando eu vejo que ele tocou alguém de forma tão positiva, eu sinto que a minha missão em tocar as pessoas através das minhas palavras foi alcançada e isso me deixa muito feliz e realizado como autor.

ODDL: O mais difícil é a primeira ou última frase?
DV: A primeira, pois você precisa fisgar o leitor já nas primeiras linhas e isso é muito difícil. É preciso escolher muito bem como vai começar o livro.

ODDL: Quando olhar para trás, sua maior satisfação é poder dizer __________?
DV: Que o meu livro ajudou muita gente.

ODDL: Você acompanha a produção literária nacional?
DV: Sim. Tento sempre acompanhar e incentivar os novos autores, comprando seus livros e tentando estar presente em eventos literários.

ODDL: O que acha do plágio?
DV: A pior coisa que existe. Já vi muito, mas acredito que as pessoas que fazem isso não chegam muito longe. Acredito que quanto mais diferentes, maior é a aceitação do público, pois o povo está cansado de ler a mesma coisa. É preciso ser muito criativo para trazer algo novo e se destacar. Quem comete plágio não tem essa capacidade.

ODDL: Quando e onde nasceu “O meu melhor amigo é gay”?
DV: Nasceu depois que eu escutei uma conversa entre dois amigos no ônibus quando estava indo para a faculdade. Um era gay e o outro não. Eles estavam marcando uma partida de futebol e isso me fascinou. Quando desci do ônibus eu já tinha na cabeça o enredo principal e a frase final do livro.

ODDL: Deixe um recado para seus leitores e nos conte se tem algum livro sendo produzido. Se sim, pode nos dar uma palhinha?
DV: Eu quero agradecer por todo carinho que eu recebo. Todas as mensagens são importantes e leio inúmeras vezes. Todo esse carinho e apoio me faz acreditar que estou no caminho certo. Meu novo livro traz outra história forte e uma morte logo no início, que é muito mais intrigante. Não espere um livro parecido com o anterior. Ele abordará outros tipos de preconceitos e terá um tom diferente do que “O meu melhor amigo é gay”.


5 comentários:

  1. Brubs!
    Gosto muito de poder conhecer um pouco mais sobre nossos autores nacionais e as entrevistas trazem uma pequena noção de como são e coo é seu processo de criação.
    Estou com o Dielson... temos que acabar com o preconceito, seja lá qual for, principalmente relacionado com a literatura nacional (tenho lido ótmos livros de autores brasileiros) e ao gênero.
    Muito boa a entrevista.
    Que outubro venha carregado de boas energias!
    “O tempo é teu capital; tens de o saber utilizar. Perder tempo é estragar a vida.” (Franz Kafka)
    Cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA DE OUTUBRO 3 livros, 3 ganhadores, participem.

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  2. Olá! Tudo bem?
    Nossa como é bom sabor que os autores nacionais estão ganhando espaço no mundo literário.
    Foi muito bom conhecer mais sobre o autor, pois eu não o conhecia. Foi bom saber mais sobre seu livro.
    Também gostaria que acabasse esse preconceito literário só porque o livro foi escrito por um autor nacional. Gente, livro é livro. Não tem dessa de só porque é estrangeiro o livro vai ser sensacional. Já li muitos livros de autores nacionais e posso dizer que existem historias boas sim!
    Foi muito bom a entrevista. Gostei.
    Beijos.

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  3. Não conhecia o autor, mas gosto bastante de ver literatura nacional crescer tanto assim.
    Gostei da entrevista, e realmente também acho que primeira frase é bem mais difícil porque é partir dela que ele mantem o leitor.

    beijos
    She is a Bookaholic

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  4. Olá!
    E sempre um prazer enorme conhecer os autores, verem como ele pensa e como criar suas próprias historias.
    Amei por conhecer esse autor e já até fiquei curiosa com o livro dele, espero ler mas na frente!

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  5. Nossa,desejo todo o sucesso do mundo para o escritor Dielson Vilela.
    Sei que publicar um livro no Brasil,não é nada fácil.E infelizmente existe sim , muito preconceito com os autores nacionais.
    E há tantas histórias fascinantes!

    Adorei conhecer o autor.E espero que o seu livro seja reconhecido... Já está sendo! :)

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